Aquela jubilante festa – Orfeu nos Infernos, Ato II: Galope Infernal – Jacques Offenbach


O Galope Infernal é a música que acompanha o clímax da ópera Orfeu nos Infernos com música por Jacques Offenbach (1819 – 1880) e texto por Hector Crémieux (1828 – 1893) e Ludovic Halévy (1834 – 1908), apresentada pela primeira vez em outubro de 1858. Orfeu no Inferno é uma sátira do mito grego de Orfeu e Euridice, no qual Orfeu, filho de Apolo e um músico extraordinário, desce ao submundo ainda vivo para tentar recuperar sua falecida esposa, Euridice. Com sua música, Orfeu convence Hades a deixá-lo levar Euridice de volta, mas com uma condição: a de que Orfeu não olhasse para trás antes de sair do submundo. Temendo ter sido enganado pelos deuses e que Euridice não estava de fato o acompanhando, Orfeu olha para trás pouco antes de alcançar a saída, e perde Euridice para sempre.

Na ópera, Euridice é raptada por Plutão e Orfeu fica feliz em livrar-se de sua esposa, mas é forçado pela Opinião Pública a tentar resgatá-la. Orfeu apela aos deuses do Olimpo, que são apresentados como um bando decadente e entediado com o governo de Júpiter, e Júpiter desce ao inferno para recuperar Euridice – não para Orfeu, mas para si mesmo. Ele a leva de volta para uma grande festa com todos os deuses do Olimpo, festa embalada pelo Galope Infernal.

Quando Orfeu retorna, Júpiter faz a proposta do mito original: Euridice poderá retornar c om ele, se Orfeu puder partir sem olhar para trás. Vigiado de perto pela Opinião Pública para que não traia Euridice, Orfeu quase completa o trato, até que Júpiter atira um raio, assuntado-o e fazendo-o olhar para trás. No final, a Opinião Pública permanece contrariada, mas Plutão cansa-se de Euridice, Júpiter torna-a uma sacerdotisa de Baco e Orfeu vê-se finalmente livre de sua esposa.

Fotografia de Napoleão III em 1857, por Gustave Le Gray.

Além do mito clássico, a ópera também é vista como uma sátira do governo do Imperador Napoleão III (sobrinho do Napoleão original, único presidente da Segunda República Francesa, entre 1848-52 e, após um golpe do estado, único monarca do Segundo Império Francês, entre 1852-70) e sua corte, parodiados na forma dos devassos deuses do Olimpo. No final do século XIX, o Galope Infernal foi popularizado como um acompanhamento ao can-can pelos famosos cabarés parisienses Moulin Rouge e Folies Bergère, dança com a qual o Galope permanece fortemente associado.


Esta música acompanhou o Capítulo IV.


Descrição por L. M. Santos.

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